domingo, 23 de março de 2008

Bases_Posições_Posturas

O primeiro ponto de aprendizado nas artes marciais que se caracterizam pela aplicação de técnicas de chutes e socos são as bases, posições ou posturas. Todas as técnicas de ataque ou defesa e todos os movimentos dependem fundamentalmente da realização de uma boa postura.
A garantia da realização de uma boa postura é dada pela parte inferior do corpo, dos quadris até os pés, que fornecem estabilidade à parte superior do corpo. A partir do quadril seguindo no sentido do topo da cabeça, as costas devem ficar eretas (relaxadas, não tensas), perpendicular ao chão. Isto garante equilíbrio e harmonia ao movimento. Todas as técnicas que envolvem os membros superiores e inferiores são, desta forma, aplicadas com potência, velocidade e precisão.
As posturas são técnicas utilizadas pelo praticante para se deslocar em todas as direções, principalmente quando está realizando “katis” ou “formas”. A prática constante destas posturas proporciona ao praticante o fortalecimento da musculatura dos membros inferiores e do abdômen, desenvolve o equilíbrio e também serve para aumentar a flexibilidade. Todas as posturas são igualmente importantes, devendo ser treinadas com a mesma intensidade.
Como, na China, existem diversos dialetos, encontraremos diferentes nominações para as mesmas posturas. As que mais utilizamos no cotidiano de nosso treinamento são as seguintes:
· “Ma Pu”
· “Kun Pu”
· “Til Key Pu”
· “Tam Key Pu”
· “Tem Ti Pu”
· “Key Long Pu”
· “Fok Tey Pu”
Devemos também ficar atentos ao fato de que todas estas posturas são originalmente escritas com os caracteres da escrita chinesa (os ideogramas). Quando utilizamos o nosso alfabeto procuramos dar uma forma aproximada aos diferentes sons que ouvimos. Podemos então encontrar diversas formas de grafias para esses nomes, inclusive porque isto ainda vai depender do dialeto no qual ele está sendo pronunciado.
De maneira geral podemos substituir no nome das posturas o “Pu”, por “Ma”. Abaixo, o significado e os principais ponto a serem observados na execução das posturas. Atentemos que, em todas as posturas, a região logo abaixo do umbigo é o centro de consciência do movimento, para onde deve estar voltada a atenção do praticante.
1) “Ma Pu” (“posição do cavaleiro”)
A parte superior do corpo se mantém perpendicular ao chão, não sendo inclinada nem para frente e nem para trás, para não comprometer a estabilidade da posição. A ponta dos pés apontam ligeiramente para dentro, superando a tendência de apontá-los para fora. Os joelhos tendem a se afastar, como se o praticante montasse em um cavalo corpulento. Os quadris são abaixados com o flexionamento dos joelhos e dos tornozelos. A distância entre os pés é de duas tíbias ou de quatro passos. Atenção especial é dada aos glúteos, que são empurrados para frente, para impedir que sejam empinados para fora, pois se isto acontecer, a parte superior do tronco será inclinada para frente. Nesta posição o equilíbrio é central; imaginando-se uma linha (perpendicular ao chão) que atravesse desde o topo da cabeça, atravessando toda a coluna vertebral e tocando o chão em igual distância entre os dois pés. Desta postura pode-se passar para qualquer outra, em qualquer direção, com a mesma facilidade e rapidez, inclusive para movimentos giratórios. Quando utilizada em combates ela é uma posição lateral, sendo a base ideal para aplicação de ataques e deslocamentos laterais. É uma ótima postura para a realização de meditações com base em uma respiração profunda e suave.
2) “Kun Pu” (“posição do arqueiro”)
A distância entre os pés também é de aproximadamente duas tíbias ou de quatro passos. A largura entre os pés pode ser a do quadril. Os joelhos são mantidos bem firmes e o joelho e o pé da frente apontam ligeiramente para dentro. Os pés devem estar bem plantados no chão. O pé de trás deve apontar tanto quanto possível para frente. O joelho da perna da frente deve ser mantido perpendicular ao “dedão” do pé que o apóia, e levemente para dentro. O peso do corpo é distribuído de modo que a perna da frente sustente cerca de 80% do peso, e a perna de trás cerca de 20%. O centro de gravidade é levemente deslocado para frente. A perna de trás fica com o joelho esticado. Esta postura fortalece os músculos abdominais e da perna flexionada, alongando os músculos da perna estendida. Em combate é utilizada como base frontal, ideal para aplicação de chutes com a perna de trás, assim como aplicação de movimentos com os dois braços. O tórax, nesta posição, fica totalmente voltado para frente.
3) “Til Key Pu” (“postura do gato”)
Nesta posição a distância entre os pés é de aproximadamente uma tíbia, portanto, metade da distância entre os pés nas posições de “Ma Pu” e “Kun Pu”. Os calcanhares ficam na mesma linha. O pé posterior fica 45% em relação ao pé da frente e o peso do corpo fica totalmente concentrado na perna de trás. O quadril deve ser abaixado dobrando-se a perna de trás, como se o praticante fosse sentar em um banco colocado atrás dele. O joelho da perna da base deve ficar contraído e apontar para dentro. O calcanhar da perna da frente fica fora do chão, que é levemente tocado pela ponta do pé. O joelho da perna da frente aponta para dentro. O tronco fica perpendicular ao chão. Esta posição fortalece os músculos da perna de apoio e os músculos abdominais. Em combate esta posição é utilizada para aplicação de chutes com a perna da frente e também para ataques em penetração com maior rapidez, pois a perna de apoio concentra toda a energia de projeção do corpo para a frente.
4) “Tam Key Pu” (“posição do cavalo empinado” ou “posição da garça”)
As características desta posição são quase as mesmas da posição anterior. Partindo da posição anterior, a perna da frente é elevada, e todo o peso do corpo é transferido para a perna da base. O joelho é elevado verticalmente e a ponta do pé aponta para o chão. Desta postura podem ser aplicados chutes rápidos com a perna da frente que já está elevada. Pode ser utilizada em fugas de rasteiras e em bloqueios de chutes contra a coxa, bloqueando-se com a canela da perna elevada. Pode ser também uma posição de saída para saltos. Além de desenvolver os músculos da perna da base, também fortalece os músculos de sustentação da perna que está elevada. Sua prática constante proporciona excelente equilíbrio. Pode ser executada de frente ou de lado.
5) “Tem Ti Pu” (“posição de esquiva lateral”)
Partindo da posição de “Ma Pu”, onde os pés estão paralelos, o praticante gira um dos pés para fora (90o), fazendo com que ele fique perpendicular ao outro. As plantas dos pés ficam totalmente assentadas no solo. O tronco é mantido ereto e o quadril o mais próximo do chão possível. A perna cujo pé girou para fora será flexionada e o joelho apontará na direção da ponta do pé. A maior parte do peso do corpo irá então repousar sobre a perna flexionada. Nesta posição os calcanhares ficam na mesma linha. Esta postura fortalece os músculos da perna flexionada e os músculos abdominais, alongando os músculos da perna que está em extensão. Em aplicações é geralmente utilizada como base para a execução de rasteiras e também para esquivar-se de ataques na lateral do corpo. Porém, quando utilizada em combates ela não é realizada integralmente, pois expõe muito a perna que permanece alongada.
6) “Key Long Pu” (“posição do passo do dragão” ou “posição do passo cruzado”)
As pernas, cruzadas, tocam-se na altura dos joelhos. A distância entre os pés é de aproximadamente uma tíbia. Enquanto um dos pés toca inteiramente o chão o outro toca apenas a ponta. Os dois joelhos estão ligeiramente dobrados. Geralmente nesta posição o tronco faz um giro alongando a lateral do quadril. Esta postura é utilizada tanto para ataques como para defesas, podendo ser executada com a perna que se movimenta pela frente ou por trás. Fortalece principalmente a perna cujo pé toca inteiro no chão.
7) “Fok Tey Pu” (“posição agachada”)
A distância entre os pés é de uma tíbia ou dois passos. Enquanto um dos pés toca inteiramente no solo, o outro toca apenas a ponta do pé, com os dedos dobrados. O joelho de uma das pernas fica na direção do pé da outra perna e o quadril apoiado sobre o calcanhar da perna cujo joelho toca o chão. O tronco permanece ereto. Esta posição é básica para a execução de rolamentos e aplicação de rasteiras.

2 comentários:

Amanda disse...

Oi, Marcelo! Tudo bem?

Eu sou do grupo FeiHokPhaiNite do Yahoo groups! =D Que bacana, você fala de técnicas mesmo... Que mal pergunte, você é instrutor ou algo parecido? Que legal... =)
Eu tenho também um blog de Kung Fu, mas claro, eu não tenho como falar de técnicas como você fala [:(], mas falo de assuntos gerais voltados para kung fu (noticias, historia, etc...). Está bem no comecinho ainda, mas vamos ver, né? =P
Aliás, linkei seu blog seu blog no meu (é uma ótima referência para quem gosta de Kung Fu!!), se quiser inserir o meu link no seu, fiquei à vontade (mas não confunda, pf, eu linkei o seu por ser uma ótima referência e não para fazer troca de links.. ;-))
Boa sorte!!!
E obrigada pelo post da postura!! Foi ótimo!!! (postura foi uma das razões que me fez entrar no kung fu =P).
Beijos,

Susie

Mari B. disse...

Nossa, isso é um artigo e tanto! Vou ter que ler com calma depois. Estou me preparando pra aula de mais tarde =)
Beijão!