terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pros que caminham juntos . . . pros que chegam cedo . . . ou que dormem demais . . . ou que viram a noite e vão treinar . . . que perdem treino por preguiça . . . que enfrentam chuva, vento, inundação, tremor de terra, calor, sol, engarrafamento, copa no Japão, Olimpíada na China, tontura, febre, fome, sede ou simplesmente boiolice . . . pr’aqueles que curtem distensão, torção, pescoção, quebramento, dor daqui e dali . . . tem gente que vai só pelo mate, ou pr’um café da manhã, pra comer pão de queijo ou pãozinho quente de manhã, ou pr’uma conversa na esquina ao início ou final de dia . . . tem fofoca, tem papo cabeça, papo sem pé nem cabeça, “surtamento”, filosofia, delírio e abobrinha (de muito bom gosto!) . . .. . . tem gente que só reclama . . . mas tem também quem tudo curte . . . tem gente que depois do treino não toma banho, se perfuma e troca de roupa . . . tem gente que toma banho e veste a mesma roupa . . . tem gente que esquece calça, camisa, sapato, cueca e calcinha . . . não sei se vai pra casa pelado! . . . tem gente que sua muito, demais, torneira aberta (será que é xixi?) . . . que molha o chão, que rola no chão só pra perturbar . . . que não se perfuma . . . que ri e que chora . . . que fica bravo, irritado, cansado, alegre, acabado, feliz . . . que, depois de 500 abdominais, fica com dor nas costas, nas pernas, no pescoço . . . que no dia seguinte não consegue andar, dor nas pernas, nos pés, nas costas, nos braços, no pescoço, nas orelhas, no nariz, na bunda, na mão, no pensamento . . . doi tudo que tem direito . . . e o que tem esquerdo também dói . . . doí o que pode e o que não pode . . . até parece caso de velhice . . . mas que nada, no geral é só frescuras . . . de vez em quando um vento fresco . . . geralmente venta quente . . . . ventilador? Só se for pra assar!. . . horas, dias, meses, anos de muito suor . . . de muito bom suor . . . “é bom suar madame!” . . . bom dia! . . . boa tarde! . . . boa noite! . . . tem gente que perde os modos . . . tem gente que nunca teve modos pra perder . . . tem gente que aprende os modos . . . “ni hau ma!” . . . “tche kim!” . . . “é assim que se escreve, professor?” . . . “não sei, só sei que assim é bom falar!” . . . falar e suar . . . contar em chinês abrasileirado . . . em cantônes com xiado . . . contar cansado . . . perder as contas de tanto chutar . . . quantos chutes pra dar? . . . alguém contou? . . . tem quem é chutado, que dá soco e é socado, lea cabeçada, arranhada, porrada, cotovelada, pisada, bundada, joelhada, cusparada e babada . . . de tudo tem um pouco . . . tem gente de todo tipo . . . só não tem santo baixando . . . porque, daqui, todo santo quer distância . . . cada qual com seu particular pra contar . . . dedo quebrado, costela fissurada, pé torcido e até unha encravada (isso dói!) . . . tem quem é costurado . . . colado . . . engessado também tem . . . tem sempre muito pulo, salto, cambalhota, polichinelos . . . pra descansar, mais chutes, mais socos, mais abdominais . . . e pra quem tá cansado um pouco de “mapu”, um pouco de “kunpu”, um tanto de não sei mais qual "pu" . . . cansou? . . . só mais um pouco! Agüenta firme! Mantêm PORRAAA!!!!! . . . tem charuto . . . do bom e do barato . . . tem chá e também cerveja . . . também rola “pum” (sim, sim! confesse quem faz!) . . . novos amigos . . . gente boa, gente chata, gente suada (todos!), gente, gente, gente é tudo igual, descalço, sujo e suado, todo rei vira mendigo . . . daí é que fica bom . . . ia me esquecendo: também rola “kati” . . . a parte mais divertida . . . ensinar, aprender, esquecer, não lembrar, se odiar por não saber onde foi parar . . . onde foi parar? . . . parou? Estacionou? Ficou no lugar? Congelou? . . . ficar feliz por algum amigo ajudar a lembrar. . . sapoti . . . poussam . . . róchuam . . . limpochão . . . tam tam tam tui! . . . é cada nome . . . andar de quatro, de cabeça pra baixo, igual macaco, tigre e jacaré . . . aranha, hipopótamo e sapo . . . de cada pessoa, um rosto, um amigo, uma vivência . . . convivência . . . batendo braço, dando canelada, é braço com braço, canela com canela, canela com braço, braço com canela . . . no final é um “bafinho de dragão” . . . foi a Evelyn quem inventou . . . misturou uns troços esquisitos e deu pra gente passar no braço . . . na canela . . . onde der e vier . . . no cangote! . . . quem levou sabe que arde . . . e como arde . . . mas depois de pancada, é o que há de melhor . . . santo remédio! . . . mas pra estresse, cansaço, o bom mesmo é empurrar . . . empurrar e jogar no chão . . . quem caiu sabe como é bom . . . melhor ainda jogar no chão . . . cair e levantar . . . chutar e socar . . . bater e apanhar . . . pular, saltar, chutar, empurrar, levantar, rolar, fazer pirueta, dar salto mortal . . . se concentra . . . vai! . . . confia e vai!!! . . . se arrastar pelo chão . . . cada movimento um aprendizado . . . cada aprendizado um universo . . . compartilhado!!!!!
VãoLá!!!! HEI!!!!!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Alongando . . . a mente . . . dos meridianos . . .

10 BOAS RECOMENDAÇÕES . . .
1) - Mantenha a respiração fluida;
2) – Relaxe dentro de cada alongamento. Alongar-se é, em grande parte uma atividade passiva – Coloque-se na posição e aguarde a musculatura soltar-se;
3) – Não balance para frente e para trás tentando forçar o alongamento – Mova-se devagar, alongue-se gradualmente;
4) – Seja gentil com seu corpo, não se alongue até sentir dor;
5) – Mantenha sua atenção voltada para os meridianos que estiver alongando;
6) – Não curve as costas, mantenha-as relaxadamente eretas – Dobre-se para frente sempre a partir dos quadris;
7) – Não “tranque” os joelhos quando estiver fazendo um alongamento em que as pernas fiquem esticadas;
8) – Não use a musculatura da região lombar para fazer os alongamentos. Mantenha-a relaxada, e utilize os braços para puxar o corpo para frente – como se estivesse suavemente estirando um arco para lançar uma flecha.;
9) – Faça cada alongamento 02 (duas) vezes, permanecendo pelo menos 30 segundos em cada um deles, lembrando-se sempre de desfazer o movimento por completo suavemente após cada período de alongamento, para iniciar a repetição ou o próximo exercício;
10) – Alongue-se dentro de suas possibilidades. “Ouça” seu corpo, de modo a lhe dar o que ele necessita – na medida precisa.

PULMÃO E INTESTINO GROSSO
Fique de pé, com os pés paralelos e joelhos “soltos” (ligeiramente flexionados). Cruze os polegares atrás do corpo, na altura das nádegas. Incline-se para frente, trazendo as mãos o máximo possível para o alto e para frente. Deixe os ombros rodarem para trás. Mantenha a cabeça erguida e evite curvar as costas na região torácica. Após alguns momentos, erga-se lentamente, flexionando os joelhos para não forçar a região lombar.

ESTÔMAGO E BAÇO-PÂNCREAS
Sente-se no chão. Dobre uma perna de modo que o pé fique ao lado da nádega do mesmo lado, e apontando diretamente para trás. Mantenha a outra perna esticada na frente do corpo. Deite-se para trás (apoiando-se nos braços), sem retirar o joelho do chão. Inverta a posição e alongue a outra perna.

CORAÇÃO E INTESTINO DELGADO
Sente-se e junte as solas dos pés. Traga-os o mais próximo possível do corpo. Segure os pés com as mãos, mantenho os joelhos próximos ao chão e incline-se para frente, tentando trazer a barriga de encontro aos pés. Use a força dos braços e não a musculatura lombar. Mantenha as costas eretas.

RINS E BEXIGA
Sente-se com as pernas esticadas à frente do corpo. Incline-se para frete, a partir dos quadris, e segure os dedos dos pés. Traga o tronco para frente, deitando-o sobre as pernas. Se você tiver dificuldade em segurar os dedos dos pés com as mãos mantendo as costas eretas, utilize uma toalha para “laçar” os pés – Mas não curve as costas!

CIRCULAÇÃO-SEXO E TRIPLO AQUECEDOR
Sente-se com as pernas cruzadas. Cruze também os braços estendendo-os por sobre os joelhos da perna oposta. Incline-se para frente, deitando o tórax sobre as pernas e afastando as mãos do corpo. Mantenha a atenção nos braços, e relaxe. As palmas das mãos devem permanecer voltadas para baixo.

FÍGADO E VESÍCULA BILIAR
Sente-se com as pernas esticadas e tão separadas quanto possível. Vire o corpo na direção de uma das pernas, incline-se para frente e segure o pé com a mão do lado oposto. Relaxe e traga o tórax de encontro à perna. Como sempre, traga o movimento a partir dos quadris, mantendo as costas relaxadamente eretas. A princípio você pode manter a outra mão no chão para dar mais equilíbrio. Depois faça o mesmo alongamento tocando o pé com as duas mãos. Repita os movimentos agora com a outra perna.

("Zen-Shiatsu: como harmonizar o yin/yang para uma saúde melhor" / Shizuto Masunaga + Wataru Ohashi)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Habilidade

Kung Fu . . . Wu Shu . . . Considero que a melhor tradução para todos esses termos é “HABILIDADE”. É certo que a maioria de nós (os mais velhinhos!) possui uma imagem do que vem a ser o “Kung Fu” a partir do seriado de televisão de mesmo nome . . . e não é que um dia destes eu vi que lançaram a série em DVD . . . este seriado fez enorme sucesso durante a década de 70 no Brasil. Contava a história de um monge budista, mestiço sino-americano, que imigrava para o Oeste dos Estados Unidos da América em busca de seu irmão desaparecido. Formado Monge do lendário Templo Shaolin, Kwai Chang Caine é um mestre das artes marciais do kung-fu e da doutrina taoista. Uma outra imagem, anterior a esta, que marca e investe a prática do kung-fu é a do herói de cinema Bruce Lee. Com um estilo mais violento, um porrador, Bruce Lee também conquistou as platéias cinematográficas de todo o mundo com seus golpes potentes e sem muita “filosofia de botequim”, o que movia o pequeno dragão era o impulso de vingança - tema da maioria (senão de todos!) de seus filmes. É curioso que foi Bruce Lee quem primeiro pensou em um seriado de televisão cujo principal personagem seria um monge budista no Velho Oeste Americano. Claro que na sua visão ele próprio interpretaria o herói lutador, desferindo muitos golpes potentes nos vilões americanos . . . pancadaria total. Não colou!!! Um outro ator, americano, foi escolhido para interpretar o papel. Seria demais para os empresários americanos lançar um herói mestiço oriental, baixinho, derrubando americanos corpulentos. Enfim, o que temos são algumas imagens que nos chegam rapidamente na mente quando falamos a palavra mágica - KUNG FU. Muita “porrada” p'ra todo lado.
Será que isto corresponde? Nas Academias da Malhação . . . "martelo no ferro na bigorna" . . . o caminho principal para a divulgação desta prática é como Luta. O sentido é indicado através de um modo de defesa pessoal e de um esporte de combate. Então, consideremos que não é este o nosso objetivo aqui/agora. Qual é o nosso objetivo então? Pensemos em MOVIMENTO, como sendo o nosso objetivo. O que esta palavra evoca em nós? Ginástica? Malhação? Muito suor? Cansaço físico? Dor? Esforço?
Fui procurar! Pelo caminho encontrei com “um tal de” Moshe Feldenkrais. Um título bastante sugestivo: “Consciência Pelo Movimento - Exercícios fáceis de fazer, para melhorar a postura, visão, imaginação e percepção de si mesmo” (Awareness Through Movement - 1972). Quem é Feldenkrais? Ele é um físico que estudou biomecânica e ao que parece se interessou pelo corpo humano, não enquanto estátua, mas enquanto movimento, alma. Pouco conheço de seu trabalho, mas do pouco que vi achei interessante.
Primeira frase do referido livro:
“Nós agimos de acordo com a nossa auto-imagem”.
Segunda:
“Esta, que, por sua vez, governa todos os nossos atos - é condicionada em graus diferentes por três fatores: hereditariedade, educação e auto-educação”.
Sua área de atuação é justamente a da auto-educação; portanto auto-conhecimento. O livro é dividido em duas partes, na primeira ele tece um referencial teórico e na segunda propõem diversos ‘exercícios’ (palavra contaminada - seria interessante trabalhar a carga emocional negativa desta palavra). Não vou aqui me estender mais em sua obra. Apenas apontar que é interessante. Quem tiver mais interesse, a obra foi publicada pela Summus Editorial.
Vou falar um pouco de nossa prática, desta ‘ginástica’. De nossas práticas, trago uma pergunta recorrente sobre a origem ‘disto’: "quem inventou?", "quem é que fez?" . . . Confesso que nunca me interessei muito por isso; mas, enfim, vamos tentar. . . O que dizem é que por volta do ano de 502-549, Bodhidharma ("Tamo" para os chineses) levou da Índia para a China uma série de exercícios respiratórios chamados YI KIN KING. Os monges do mosteiro Shao-Lin (Shao-lin sseu), localizado no monte Song-Chan desenvolveram, sob a orientação de Bodhidharma, um estilo de self-defense eficaz, que tinha como objetivo mantê-los em boa condição física. Esta ‘ginástica’ é aliada a uma concepção diferente do budismo - Chan (China); Sun (Coréia); Zen (Japão). Conta o mito que 18 discípulos de Sáquia-Muni teriam praticado 18 movimentos vulgarizados por Bodhidharma. Mais tarde eles foram aperfeiçoados para uso dos leigos por ordem do imperador T’ai-tsou (960-975). E no período do general Yo Fei, 12 exercícios foram aplicados para o treinamento de soldados. Uma tradução possível dos termos pelos quais designamos esta prática seria aproximadamente a seguinte:
Significado dos Termos em Chinês e Japonês
CHINÊS: WU / SHU / TAO
JAPONÊS: BU, MU / JUTSU / DO
SIGNIFICADO: MARCIAL, GUERREIRO / ARTE-TÉCNICA / CAMINHO-DOUTRINA
Também temos para trabalhar, a imagem de um guerreiro . . . ou uma guerreira, o que importa é a vontade . . . em movimento, passos largos, cabeça erguida, olhar firme, vigoroso, determinação em seu movimento. Basta ver um filme de Akira Kurosawa (“Os Sete Samurais” por exemplo) para entender este movimento característico do guerreiro.Esta arte compreende exercícios respiratórios, movimentos baseados em animais, movimentos giratórios com braços e pernas, saltos, cambalhotas, manuseio de armas brancas, combate a mão-livre e combate com armas. Paro por aqui este pequeno histórico do Kung Fu.
Me pergunto: E DAÍ?
A principal característica de tudo isto, seja na China, na Coréia, no Japão . . . ou seja lá onde for, com a técnica e o nome que tiver (Wu Shu; Tae Kwon Do; Karatê Do), é ser um tipo de movimento que apresenta uma característica comum. Ou seja, são movimentos executados com vigor e energia. São movimentos fortes e rápidos. Movimentos de preparação para a luta. Movimentos de encenação . . . ritualizam um combate.
Continuo me perguntando: E DAÍ?O QUE PODEMOS FAZER COM ISTO AQUI / AGORA?Podemos fazer um universo de coisas. Mas em todas estas infinitas coisas, interessante é propor algumas dicas importantes e essenciais . . . pra quem?
1) É saudável que não tentemos imitar o movimento que o instrutor faz, da maneira como ele faz. Por que desta preocupação? Para ser uma atividade saudável, cada um deve descobrir, perceber, aceitar, reconhecer, sensibilizar, conscientizar, seu próprio limite físico. Perceber que possui um tônus muscular próprio, uma elasticidade própria, e uma resistência também própria em cada tipo de movimento.
2) Ter sempre em mente que o objetivo é o MOVIMENTO, não este ou aquele movimento, desta ou daquela maneira, mas sim o simples e singular MOVIMENTO. Uma frase: “em mim aquele movimento realizo assim”. Encontre o seu próprio caminho.
3) Esqueça tudo que já viu ou ouviu sobre artes marciais, esportes de combate, lutas de boxe, brigas, discussões, violência. DIVERTA-SE . . . OUSE ALEGRAR-SE . . . Aqui / Agora, é um tempo e espaço lúdicos. Como crianças, devemos estar abertos para aprender. Movimentos estranhos, novos, inusitados, perigosos, difíceis, divertidos, alegres, engraçados. . . Nada é mais difícil do que aprender a ficar de pé e andar. Daí pra frente, é “mole”.
4) Converse o tempo todo com você mesmo, com o seu corpo. . . sinta-o - quente, molhado, vibrante, pesado, vigoroso, rápido, lento, elástico, rígido, suave, etc. . .
5) Não se preocupe com certo ou errado - apenas faça - invente o seu movimento a partir do que vê. . .
6) O imperativo é a comunicação - contato e saúde.
Portanto, o que importa assinalar é que o Caminho (Tao; Do) É percorrido com o sentido e a intenção de entrar em contato com movimento . . . com a alma de cada praticante . . .

domingo, 23 de março de 2008

Bases_Posições_Posturas

O primeiro ponto de aprendizado nas artes marciais que se caracterizam pela aplicação de técnicas de chutes e socos são as bases, posições ou posturas. Todas as técnicas de ataque ou defesa e todos os movimentos dependem fundamentalmente da realização de uma boa postura.
A garantia da realização de uma boa postura é dada pela parte inferior do corpo, dos quadris até os pés, que fornecem estabilidade à parte superior do corpo. A partir do quadril seguindo no sentido do topo da cabeça, as costas devem ficar eretas (relaxadas, não tensas), perpendicular ao chão. Isto garante equilíbrio e harmonia ao movimento. Todas as técnicas que envolvem os membros superiores e inferiores são, desta forma, aplicadas com potência, velocidade e precisão.
As posturas são técnicas utilizadas pelo praticante para se deslocar em todas as direções, principalmente quando está realizando “katis” ou “formas”. A prática constante destas posturas proporciona ao praticante o fortalecimento da musculatura dos membros inferiores e do abdômen, desenvolve o equilíbrio e também serve para aumentar a flexibilidade. Todas as posturas são igualmente importantes, devendo ser treinadas com a mesma intensidade.
Como, na China, existem diversos dialetos, encontraremos diferentes nominações para as mesmas posturas. As que mais utilizamos no cotidiano de nosso treinamento são as seguintes:
· “Ma Pu”
· “Kun Pu”
· “Til Key Pu”
· “Tam Key Pu”
· “Tem Ti Pu”
· “Key Long Pu”
· “Fok Tey Pu”
Devemos também ficar atentos ao fato de que todas estas posturas são originalmente escritas com os caracteres da escrita chinesa (os ideogramas). Quando utilizamos o nosso alfabeto procuramos dar uma forma aproximada aos diferentes sons que ouvimos. Podemos então encontrar diversas formas de grafias para esses nomes, inclusive porque isto ainda vai depender do dialeto no qual ele está sendo pronunciado.
De maneira geral podemos substituir no nome das posturas o “Pu”, por “Ma”. Abaixo, o significado e os principais ponto a serem observados na execução das posturas. Atentemos que, em todas as posturas, a região logo abaixo do umbigo é o centro de consciência do movimento, para onde deve estar voltada a atenção do praticante.
1) “Ma Pu” (“posição do cavaleiro”)
A parte superior do corpo se mantém perpendicular ao chão, não sendo inclinada nem para frente e nem para trás, para não comprometer a estabilidade da posição. A ponta dos pés apontam ligeiramente para dentro, superando a tendência de apontá-los para fora. Os joelhos tendem a se afastar, como se o praticante montasse em um cavalo corpulento. Os quadris são abaixados com o flexionamento dos joelhos e dos tornozelos. A distância entre os pés é de duas tíbias ou de quatro passos. Atenção especial é dada aos glúteos, que são empurrados para frente, para impedir que sejam empinados para fora, pois se isto acontecer, a parte superior do tronco será inclinada para frente. Nesta posição o equilíbrio é central; imaginando-se uma linha (perpendicular ao chão) que atravesse desde o topo da cabeça, atravessando toda a coluna vertebral e tocando o chão em igual distância entre os dois pés. Desta postura pode-se passar para qualquer outra, em qualquer direção, com a mesma facilidade e rapidez, inclusive para movimentos giratórios. Quando utilizada em combates ela é uma posição lateral, sendo a base ideal para aplicação de ataques e deslocamentos laterais. É uma ótima postura para a realização de meditações com base em uma respiração profunda e suave.
2) “Kun Pu” (“posição do arqueiro”)
A distância entre os pés também é de aproximadamente duas tíbias ou de quatro passos. A largura entre os pés pode ser a do quadril. Os joelhos são mantidos bem firmes e o joelho e o pé da frente apontam ligeiramente para dentro. Os pés devem estar bem plantados no chão. O pé de trás deve apontar tanto quanto possível para frente. O joelho da perna da frente deve ser mantido perpendicular ao “dedão” do pé que o apóia, e levemente para dentro. O peso do corpo é distribuído de modo que a perna da frente sustente cerca de 80% do peso, e a perna de trás cerca de 20%. O centro de gravidade é levemente deslocado para frente. A perna de trás fica com o joelho esticado. Esta postura fortalece os músculos abdominais e da perna flexionada, alongando os músculos da perna estendida. Em combate é utilizada como base frontal, ideal para aplicação de chutes com a perna de trás, assim como aplicação de movimentos com os dois braços. O tórax, nesta posição, fica totalmente voltado para frente.
3) “Til Key Pu” (“postura do gato”)
Nesta posição a distância entre os pés é de aproximadamente uma tíbia, portanto, metade da distância entre os pés nas posições de “Ma Pu” e “Kun Pu”. Os calcanhares ficam na mesma linha. O pé posterior fica 45% em relação ao pé da frente e o peso do corpo fica totalmente concentrado na perna de trás. O quadril deve ser abaixado dobrando-se a perna de trás, como se o praticante fosse sentar em um banco colocado atrás dele. O joelho da perna da base deve ficar contraído e apontar para dentro. O calcanhar da perna da frente fica fora do chão, que é levemente tocado pela ponta do pé. O joelho da perna da frente aponta para dentro. O tronco fica perpendicular ao chão. Esta posição fortalece os músculos da perna de apoio e os músculos abdominais. Em combate esta posição é utilizada para aplicação de chutes com a perna da frente e também para ataques em penetração com maior rapidez, pois a perna de apoio concentra toda a energia de projeção do corpo para a frente.
4) “Tam Key Pu” (“posição do cavalo empinado” ou “posição da garça”)
As características desta posição são quase as mesmas da posição anterior. Partindo da posição anterior, a perna da frente é elevada, e todo o peso do corpo é transferido para a perna da base. O joelho é elevado verticalmente e a ponta do pé aponta para o chão. Desta postura podem ser aplicados chutes rápidos com a perna da frente que já está elevada. Pode ser utilizada em fugas de rasteiras e em bloqueios de chutes contra a coxa, bloqueando-se com a canela da perna elevada. Pode ser também uma posição de saída para saltos. Além de desenvolver os músculos da perna da base, também fortalece os músculos de sustentação da perna que está elevada. Sua prática constante proporciona excelente equilíbrio. Pode ser executada de frente ou de lado.
5) “Tem Ti Pu” (“posição de esquiva lateral”)
Partindo da posição de “Ma Pu”, onde os pés estão paralelos, o praticante gira um dos pés para fora (90o), fazendo com que ele fique perpendicular ao outro. As plantas dos pés ficam totalmente assentadas no solo. O tronco é mantido ereto e o quadril o mais próximo do chão possível. A perna cujo pé girou para fora será flexionada e o joelho apontará na direção da ponta do pé. A maior parte do peso do corpo irá então repousar sobre a perna flexionada. Nesta posição os calcanhares ficam na mesma linha. Esta postura fortalece os músculos da perna flexionada e os músculos abdominais, alongando os músculos da perna que está em extensão. Em aplicações é geralmente utilizada como base para a execução de rasteiras e também para esquivar-se de ataques na lateral do corpo. Porém, quando utilizada em combates ela não é realizada integralmente, pois expõe muito a perna que permanece alongada.
6) “Key Long Pu” (“posição do passo do dragão” ou “posição do passo cruzado”)
As pernas, cruzadas, tocam-se na altura dos joelhos. A distância entre os pés é de aproximadamente uma tíbia. Enquanto um dos pés toca inteiramente o chão o outro toca apenas a ponta. Os dois joelhos estão ligeiramente dobrados. Geralmente nesta posição o tronco faz um giro alongando a lateral do quadril. Esta postura é utilizada tanto para ataques como para defesas, podendo ser executada com a perna que se movimenta pela frente ou por trás. Fortalece principalmente a perna cujo pé toca inteiro no chão.
7) “Fok Tey Pu” (“posição agachada”)
A distância entre os pés é de uma tíbia ou dois passos. Enquanto um dos pés toca inteiramente no solo, o outro toca apenas a ponta do pé, com os dedos dobrados. O joelho de uma das pernas fica na direção do pé da outra perna e o quadril apoiado sobre o calcanhar da perna cujo joelho toca o chão. O tronco permanece ereto. Esta posição é básica para a execução de rolamentos e aplicação de rasteiras.

sábado, 22 de março de 2008

Origens_do_FeiHokPhai

O FeiHokPhai foi criado no ano de 1968, na cidade de Santo André (SP), por um imigrante chinês chamado Chiu Ping Lok.





Nascido em 15/05/1938 na aldeia de Tung Chao Chun, em Tai Sam, província de Cantão, na região sul da China, Chiu Ping Lok iniciou seu treinamento nas artes marciais chinesas com a idade aproximada de 5 anos. Seu primeiro professor foi um tio, Chan Mun, que lhe ensinou uma modalidade de kung fu denominada Hung Tao Choi Mei Gar ("Estilo Cabeça de Hung e Cauda de Choi"), que é uma compilação dos estilos Hung Gar e Choi Gar. Também estudou com um amigo de seu tio, Mestre Man Sim, os estilos Hung Gar e Mo Gar. Conta-se que o Mestre Man Sim, que era cego, possuia extraordinária sensibilidade extra-sensorial.

Aos 15 anos de idade Chiu Ping Lok mudou-se para Hong Kong, onde deu continuidade ao seu treinamento em Mo Gar (agora sob a orientação do Mestre Hui Miu Sin), e de Hung Gar (sob a orientação do Mestre Lam Fei Hung, mais conhecido como Teet Tao Hung - ou seja, "Hung, o Cabeça de Ferro"). Como consequência de seus treinamentos de chi-kung, visando o desenvolvimento da "energia interna", Mestre Lam Fei Hung realizava demonstrações públicas nas quais entortava - e depois desentortava - três barras de ferro com a cabeça.

Posteriormente, no interior de Kowloon em Hong Kong, Chiu Ping Lok conheceu o idoso Mestre Si Pak, que lhe ensinou Tai Chi Chuan, Yoga, exercícios de Chi Kung, técnicas de Noi Gar Kung Fu (chamado de "Kung Fu Divino", por enfatizar a energia interna na realização dos movimentos), além de técnicas de Si Mei Kwan ("Bastão Rabo de Rato" - bastão longo, com aproximadamente 3 metros de comprimento, que possui uma das pontas mais fina que a outra) e de Pa Kua Chuan.

A formação marcial de Chiu Ping Lok também foi enriquecida através de um amigo de estudos e treinamentos cujo pai trabalhava numa indústria cinematográfica em Hong Kong. Neste período ele teve a oportunidade de adquirir experiência em vários estilos e técnicas de combate, além de treinar a atuar como figurante em diversos filmes chineses.

Alguns anos depois, em sua passagem por New York (USA), Chiu Ping Lok teve a oportunidade de praticar Tai Chi Chuan com o Mestre Cheng Man Ching.

A vinda de Chiu Ping Lok para o Brasil foi no ano de 1961. Sua intenção original era seguir viagem para os USA, onde seus pais e diversos familiares viviam há bastante tempo. Nesta época, Chiu Ping Lok estava com 24 anos e contava apenas com o apoio de um tio. Aos poucos foi aprendendo a língua portuguesa com o auxílio de um amigo. Em 1963 começou a dar suas primeiras aulas de Kung Fu, durante os finais de semana, no Centro Social Chinês de Santo André, onde ensinava os estilos Hung Gar e Mo Gar. Durante este período os treinos eram exclusivos para os imigrantes chineses.

Jorge Félix, um faixa-preta de karatê, ouviu falar a respeito de Chiu Ping Lok e procurou-o, expressando seu desejo de aprender a arte do Kung Fu. Inicialmente as aulas eram realizadas no quintal da casa de Jorge, com a participação de um pequeno grupo de pessoas. Mais tarde ele passou a dar as aulas na casa de Nelsida Hourneaux, que seria sua amiga e sócia quando da fundação de sua academia em Santo André (SP) no ano de 1969 - "Academia Tai Chi, Yoga e Kung Fu". Esta academia é reconhecida como a primeira academia de kung fu registrada no Brasil.

Juntamente com dois outros imigrantes chineses, Wong Sun Keung (que chegou ao Brasil em 1959) e Chan Kowk Wai (que chegou em 1960 - Mestre do Estilo Shaolin Norte e fundador da Associação Sino Brasileira de Kung Fu), Chiu Ping Lok foi um dos primeiros Mestres de Kung Fu a se estabelecer e ensinar sua arte marcial no Brasil.

Paralelamente ao trabalho como professor de Kung Fu, Chiu Ping Lok também trabalhou durante muito tempo na pastelaria de seu tio, foi vendedor, dono de pastelaria, de loja de roupas e de brinquedos e, no ano de 1989, montou um restaurante especializado em cozinha chinesa. Em 1992 abriu uma agência de turismo. Durante o ano de 1995 Chiu Ping Lok presidiu a Associação Geral dos Cantoneses, que presta assistência aos imigrantes da Província de Cantão que chegam ao Brasil.

O FeiHokPhai surgiu justamente da união dos vários estilos de Kung Fu praticados por Chiu Ping Lok. Ele costuma afirmar que o Estilo é semelhante ao arranjo de um vaso de flores, no qual diversos elementos participam da composição de uma bela obra de arte.

O nome FeiHokPhai significa "Estilo da Garça Voando":
  • Fei = voando
  • Hok = garça
  • Phai = estilo

Na cultura chinesa, a garça é associada com a idéia de "pureza", "calma", estando sempre ao lado dos sábios chineses, nas imagens que os representam. Nos dizeres de Chiu Ping Lok, o aprendizado de uma arte marcial é, antes de tudo, um caminho para o aprimoramento e o desenvolvimento humano. Devemos sempre ter presente a idéia de que, realmente importante é o "cultivo de si mesmo" ou o "crescimento interior", que pode ser ilustrado da seguinte maneira:

"Vocês sairiam à rua com um maço de dinheiro no bolso, metade para dentro e metade para fora da roupa? Assim, também seus conhecimentos, adquiridos na prática de uma arte marcial, não devem ser motivo de exibicionismo ou procura de conflitos. Os conhecimentos marciais são auxiliares do desenvolvimento da auto-confiança, assim como da humildade, que é uma sábia virtude. A vida é um processo de contínua aprendizagem, e por mais degraus que tenhamos subido, sempre haverá alguém em uma posição superior. Ser o "número um" é uma utopia! Não se aprende para ser o "melhor", aprende-se para crescer interiormente, para se desenvolver como ser humano! Toda forma de aprendizagem, que se traduz como aquisição de cultura, deve servir para a formação do caráter. o "ensino" e a "aprendizagem", na verdade, são uma permuta. Professor e aluno integram-se em um processo de troca de experiências . . . receptividade e doação são processos comuns entre pessoas saudáveis e de boa vontade. Entre três indivíduos, por exemplo, um pode ser professor do outro em diferentes assuntos. O que importa é o bem-estar e a satisfação interior!"

O FeiHokPhai do "Grão-Mestre" Chiu Ping Lok tem sua árvore genealógica composta pelos seguintes mestres e estilos:
Chan Mun --- Hung Tao Choi Mei Gar

Man Sim --- Hung Gar + Mo Gar

Hui Mil Sin --- Mo Gar

Lam Fei Hung --- Hung Gar

Si Pak --- Noi Gar + Tai Chi Chuan + Chi Kung + Yoga + Pa Kua Chuan + Si Mei Kwan

Cheng Man Ching --- Tai Chi Chuan